quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um dia incomum

O celular vibra e começa a tocar a música tema do Californication, me levanto subitamente para tirar o pequeno aparelho do bolso apertado e atender, nenhuma esperança de ligação importante, mas o som do celular está meio que alto demais para esse calmo ambiente de trabalho, só quero tirar as atenções de mim. O visor mostra um número que eu desconheço, provavelmente é apenas mais uma promoção da vivo, ou alguma cobrança da mensalidade do curso que eu esqueci de pagar. Com toda minha simpatia eu atendo o celular com um animado "Alôw!". Uma voz feminina que não me é estranha pergunta:
- Quem fala?
Eu fico em dúvida se respondo meu nome ou invento outro, mas pela curiosidade acabo dizendo a verdade. A voz pergunta se eu estou bem. Novamente não respondo nada além da verdade, digo que estou ótimo e não podia estar melhor, mas a essa altura meu coração dá sinais de vida, começo a ter ilusões de que a voz do outro lado é Dela, então pergunto:
- Quem está falando?
A resposta veio como uma furadeira no coração, e mesmo de baixo do ar condicionado da empresa, minha pele se torna uma nascente de suor jorrando com a resposta estremecedora que ela pariu. Ela só precisou dizer:
- Juliana.
Esse é o exato momento em que tudo se desfaz, uma escuridão maior que a do meu quarto bate nos meus olhos, e vai embora logo em seguida com a chegada do sentimento de não saber o que fazer. O coração bate tão forte quanto as batidas daquele último caloroso carnaval que passei na praia, e já com a voz nitidamente abatida e estremecida, pergunto apenas para confirmar que não estou morto ou sonhando:
- Me desculpe, Juliana de onde?
- Juliana-dos-Jardins - Ela responde com uma singela risada.
E começa o diálogo:
- Oiii, como você está Ju? A que devo a honra de sua voz em meu celular?
- Na verdade liguei pois não estou muito bem.
- Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu sim. Eu não sei o que fazer.
- O que houve? Posso ajudar?
- Espero que ainda possa... eu percebi que fui uma tola em não ter sido uma pessoa atenciosa contigo. Você sempre foi tão decidido a estar comigo mesmo sem eu sequer ter pisado no seu pé, nunca te dando muita atenção, deixando você falando sozinho no msn, fingindo que não te via na rua... mas mesmo assim você sempre esteve lá, atencioso, se preocupando comigo, querendo saber como eu estava, e tudo parecia ser tão sincero que me dava medo. Só que hoje eu estou aqui, sozinha, sem nenhum pingo desse seu jeito nas pessoas a minha volta. Sinto falta disso, sinto falta de você, sinto muito ter sido cruel contigo. E por mais que eu não mereça isso, adoraria que você fizesse mais uma tentativa, te juro que dessa vez seria diferente.
Uma pausa atinge meu ser. Palavras que não me vem a cabeça são apenas ditas:
- Sabe Juliana, por muito tempo eu desejei que esse dia chegasse, só que esses tempos acabaram, esse desejo, por mais que ainda exista, não me causa mais explosões. Acho que você já me destruiu tanto, que não há mais o que destruir, eu te amo, mas não há mais caminhos para encontrar esse amor, tudo o que resta nessa voz que você escuta é uma sonâmbula existência aguardando a morte. Não tenho mais tentativas nos bolsos, mesmo que essa fosse a última que mudaria tudo. Sinto muito, eu não posso te ajudar dessa vez.
OK... chega de escrever, já deu pra sacar que essa é apenas uma homenagem ao 1° de abril.
Juliana, eu Te Amo................... (seja isso verdade ou não)
dpfox