Querida Karen,
 Hoje o dia está frio, o chão está gelado demais para se andar  descalço e cada arrepio me faz refletir se eu deveria estar te torturando com  essas coisas que escrevo.
 As coisas vão bem por aqui, não tão bem quanto eu  imaginava quando tinha 10 anos de idade, mas acho que isso não é exclusividade  minha, então, a reclamação fica só com esse frio que estou sentindo  mesmo.
 Confesso que o dia frio não tem nada a ver com o  clima ou a estação, na verdade acho que está um sol lindo lá fora, muito  provavelmente céu azul, talvez até aquelas nuvens com formatos eróticos. Bem,  definitivamente eu não sei. Só consigo pensar naquele clima cinza e nublado que  me rodeia quando vejo que você não está por perto.
 Acordei certo dia e percebi que a tempestade  passou. Foi quando veio essa calmaria chata que eu tento reverter fazendo outras  merdas pelo mundo e ajudando a torná-lo um lugar pior, mas sabe, não importa o  que eu faça, agora eu sempre termino o dia com os olhos apontados para o céu, a  esperança é de tempestade para o dia seguinte.
 Não sei até que ponto você é capaz de gostar de  mim, mas queria dizer que você Karen, você é minha época de chuvas, e eu, mesmo  sem guarda-chuva, mesmo sem colete salva-vidas, mesmo correndo o risco de pegar  uma eterna pneumonia, eu estou pronto pra viver isso tudo com você.
 Preciso de um café pra aquecer as coisas, é uma  pena que o meu fique sempre tão amargo, você podia me ajudar com isso, talvez eu  pudesse fazer alguma coisa em troca, cuidar de você por uns tempos, sei  lá...
 ... me liga,
 Infielmente seu