Ela, e sua pequena rachadura nos joelhos, seus  cabelos curtos e desarrumados escondendo, o brilho da menina genial, impulsiva,  transparente, nada como uma xícara de chocolate quente. Admira o dissipar da  fumaça, e dissipa a brincadeira no ar, ela é branca de rosto pintado, seja com  lágrimas ou com seu despertar, sempre expressiva, neurótica, pensativa,  conte-me como foi o seu dia... é quando ela começa a falar, falar e falar; me  perco ao ouvi-la... lar doce lar. Hipnotizado, estático, imóvel, procuro não perder nenhuma palavra, nenhum  sorriso, nenhum piscar. 
 Menina pequena, doce e vaidosa por assim dizer, eu admito, sua beleza me feriu, seu estilo de  vida ressurgiu um ânimo esquisito em mim, o toque  de suas mãos tímidas podem me levar a qualquer lugar, eu tento curar sua  indecisão, diga onde você quer ir... diga onde você quer ir... e eu te levo até  lá, algum lugar, lugar nenhum, tanto faz, eu te levo até lá.
 Ela me cai bem, e eu caio ao me apegar demais,  eu insisto, eu falho, eu desisto, eu acordo  no dia seguinte, novo em folha, sonhos de papel reciclável, nem pranto ou espanto, apenas mais um dia confuso, uma noite  mal dormida e um coração batendo.
 Volto a pensar. A orgulhosa, a egocêntrica, de fato é  nela que penso, náo há como negar. A hipocondríaca de olhos  frios não se permite amar, irredutível ao velho romance furado, desgostosa com o  comportamento alheio, dá gosto me aproximar, mas a expontânea, a sarcástica,  não se deixa atingir, desvia das flechas que eu tento atirar, segue em frente  rebelde, triste, deprimida, recosta a cabeça pro lado e dorme como um anjo  deixando o tempo passar. 
 Em meio as dúvidas de sua juventude, acaba  adoecendo, só resta a mim, cair no entendimento que ninguém lhe dá, são todos  tão rigorosos, nem percebem que no meio de tanta soberba, se encontra a  fragilidade de seu porcelanato. 
 Apaixonado? Isso, é especular, hoje sou insensato, estúpido, inviável, um molde de vidro fosco e  barato. Eu me rendo, só tenho moedas de um centavo para te conquistar, não são  moedas de ouro e minha astúcia se limita a apenas tentar.
 Por favor não resista,  dê-me sua mão agora, ao suave toque de meus lábios me despeço, disperso e desejo  voltar.