quinta-feira, 21 de maio de 2009

Donzela de Porcelana

Ela, e sua pequena rachadura nos joelhos, seus cabelos curtos e desarrumados escondendo, o brilho da menina genial, impulsiva, transparente, nada como uma xícara de chocolate quente. Admira o dissipar da fumaça, e dissipa a brincadeira no ar, ela é branca de rosto pintado, seja com lágrimas ou com seu despertar, sempre expressiva, neurótica, pensativa, conte-me como foi o seu dia... é quando ela começa a falar, falar e falar; me perco ao ouvi-la... lar doce lar. Hipnotizado, estático, imóvel, procuro não perder nenhuma palavra, nenhum sorriso, nenhum piscar.
Menina pequena, doce e vaidosa por assim dizer, eu admito, sua beleza me feriu, seu estilo de vida ressurgiu um ânimo esquisito em mim, o toque de suas mãos tímidas podem me levar a qualquer lugar, eu tento curar sua indecisão, diga onde você quer ir... diga onde você quer ir... e eu te levo até lá, algum lugar, lugar nenhum, tanto faz, eu te levo até lá.
Ela me cai bem, e eu caio ao me apegar demais, eu insisto, eu falho, eu desisto, eu acordo no dia seguinte, novo em folha, sonhos de papel reciclável, nem pranto ou espanto, apenas mais um dia confuso, uma noite mal dormida e um coração batendo.
Volto a pensar. A orgulhosa, a egocêntrica, de fato é nela que penso, náo há como negar. A hipocondríaca de olhos frios não se permite amar, irredutível ao velho romance furado, desgostosa com o comportamento alheio, dá gosto me aproximar, mas a expontânea, a sarcástica, não se deixa atingir, desvia das flechas que eu tento atirar, segue em frente rebelde, triste, deprimida, recosta a cabeça pro lado e dorme como um anjo deixando o tempo passar.
Em meio as dúvidas de sua juventude, acaba adoecendo, só resta a mim, cair no entendimento que ninguém lhe dá, são todos tão rigorosos, nem percebem que no meio de tanta soberba, se encontra a fragilidade de seu porcelanato.
Apaixonado? Isso, é especular, hoje sou insensato, estúpido, inviável, um molde de vidro fosco e barato. Eu me rendo, só tenho moedas de um centavo para te conquistar, não são moedas de ouro e minha astúcia se limita a apenas tentar.
Por favor não resista, dê-me sua mão agora, ao suave toque de meus lábios me despeço, disperso e desejo voltar.

terça-feira, 19 de maio de 2009

No cair das folhas...

Passei grande parte da minha vida como um cético irredutível. Não me entenda mal, não sou nenhum religioso excêntrico, longe disso, o que quero dizer é que sempre me empenhei em simplificar as coisas, eliminar tudo que nela era puramente pessoal. Desconsiderava tudo que era único e individualmente considerado, recordações, emoções e sentimentos estéticos despertados pelas disposições de átomos, cores e hábitos de pássaros, ou a imensidão da via-láctea. Enfim, diria que minha visão de vida perfeita era ter uma AK-47 como arma e uma esposa ninfomaníaca dona de um bar.

Mas a natureza do que experenciamos está impregnada de nossas auto-avaliações, com o tempo minha filosofia de vida se tornou irremediavelmente fria, incompleta e insatisfatória. A máxima de Sócrates, conhece-te a ti mesmo, já não se aplicava a minha existência, e foi nesse momento perturbado e confuso que eu a encontrei, ela invadiu minha vida com um turbilhão de sentimentos e sensações antes invisíveis, o terror dos furacões, a calma das lagoas, a tristeza doce e suave do cair das folhas, sentimentos que aos poucos tomaram conta do meu ser, e a medida em que preenchiam o vazio da minha alma, destruíram no processo a minha paz de espírito. Hoje me apaixono tão obsessivamente por meus romances que os personagens destes se tornam mais reais do que a realidade exterior que me cerca...

Meus dias de cético acabaram, vivo da crença de que um dia será possível encontrar um amor verdadeiro, a existência daquilo que eu realmente amo é sentida por mim como uma necessidade, como uma exigência, sem a qual minha essência não pode ser realizada, satisfeita, completa.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Suspiros na imortalidade

Para Cris,

Se eu tomasse a decisão de escrever esta carta enquanto ainda éramos próximos, ou mesmo se arriscasse a molhar o bico da pena após ter te visto, eu não conseguiria exprimir metade do que penso. Ainda não demonstrarei em perfeição o que sinto; isso me é impossível. Mas a distância trouxe saudade, e, mais tarde, a reflexão.

Divido nossa trajetória em três momentos: choque inicial; ódio e aceitação. Quando primeiro me transformou em escravo, iludi-me com você, colocando-a ao lado do mundo mágico que eu descobri, e passei a amar. O misto das sensações, beleza, desejo e medo me fizeram amar a vida. E a te amar também. Será que não poderíamos ter dado certo? Não. Dediquei-me tempo demais a reflexões para não gerar dúvidas nessa carta, a qual considero ato único e definitivo. Os fatores foram vários, e sua combinação é talvez o motivo mais provável para nossa decadente relação. Mundos diferentes, você beleza, eu sonho, paixão. Mas os sonhos não resistem ao passar do tempo, o mágico se perdeu, a definição do místico desprendeu-se de você ,e me encontro sozinho, perdido no escuro, na ausência de sentidos, desiludido e fraco. Te odiei e odiei não te amar.

Não pense que ue estou escrevendo uma biografia nesta carta! Apenas estou retomando memórias, pensamentos para formarem o meu “Eu” hoje. Foi na fase da aceitação, logo após viajar o mundo com Juliana, que desisti de viver, e isso para alguém como eu, significa levar em estado vegetativo as funções básicas que determinam nossa existência; mas então te encontro no ponto de início ( e esse reencontro foi há quantos dias, 10, 20?), e você estava lá. Esvaida da beleza celestial que sempre foi sua força, decrepita, sem esperanças. Não consegui sentir pena – talvez compaixão, como se de repente meus órgãos se contraíssem e relaxassem freneticamente, num misto de gozo e horror, como se toda minha vida de escravo estivesse passando pelos meus olhos, e não fosse mais nada; como se meus critérios fossem mudados naquele momento, meus pensamentos, minhas ideologias. Era como aprender a ver a magia na vida pela segunda vez, agora com muito mais experiência e noção de prazer.

Agora de frente para o computador, debruço-me com tanto vigor sobre a mesa que , no fundo, acho que apenas quero me fundir para sempre com essas memórias, com minha vida anterior. O que realmente quero lhe dizer se resume única e exclusivamente nessa frase:

Eu te amo.

Te amo mais do que minha própria vida. Por toda minha trajetória, amei cada mudança de seu ser. Amei você como mestre do mundo novo, como bela sedutora; amei você decadente, ser de pura raiva e ignorância, aquela que tornou meus dias um inferno, mas que por dentro açoitava minha alma.

E hoje estou sábio, lúcido. E ainda te amo. Amo seu corpo e sua Alma, cada pedaço de você. Agonizo ao pensar que não há maneira de consumir esse amor, apagar esse vício. Cada célula do meu corpo passará sua vida pensando em você. Sem você, sou apenas suspiros na imortalidade.

Eternamente desse mundo, infinitamente teu.

JAMC

terça-feira, 12 de maio de 2009

Combustão

Nunca sei como começar esse tipo de texto. É uma daquelas ocasiões com muito a expor e pouco a dizer. Eu confesso, as vezes o meu dom de complicar as coisas atrapalha tudo, e esse meu afeto por ela vem se tornado exagerado demais para me manter no controle.
Me apeguei a uma nova mulher, ela é louca, estranha, confusa, diferente de tudo que já fez eu me perder, tem uma simpatia sádica, e uma alma boa perdida em algum lugar, colheres bem dosadas de uma poção que não deixa eu me afastar.
Aquele jeito dela me faz um bem esquisito, algo como respirar flores, alguém que sabe me fazer sorrir sem esforço algum, mas se esforça bastante para me magoar, não a culpo, talvez só queira me previnir de sua imperfeição, que por sinal vem se demonstrando perfeita demais para um cara como eu. Ela sabe o inevitável fim que isso vai ter, o que não sabe, é a proporção que os momentos com ela geram dentro de mim. A importância criada parece ter se tornado algo tão insensato quanto amar alguém, e mesmo para um romantico com eu, não sei dizer se isso é bom ou ruim.
Bem distante da garota dos meus sonhos, ela apareceu na minha realidade, e isso deixa as coisas caóticas, pois isso parece uma idéia bem melhor do que um "e viveram felizes para sempre...". Ela é altamente inflamável, e a ascenção de calor dentro de mim gera um sentimento explosivo cada vez mais incontrolável. De umas noites pra cá o constante acréscimo desse vício vem me preocupado, cabe a mim então a responsabilidade de a livrar desse fardo, pois ao que tudo indica, ela não vai querer estar por perto no momento dessa explosão. Talvez eu devesse sumir por uns tempos, tentar algum tipo de abstinência a sua atraente confusão. Então, procuro pontos negativos, encontro vários, mas me apaixono por todos eles, finjo não estar acontecendo nada... a essa altura já não faz diferença, já não é segredo para ninguém, estou apaixonado, pronto para a combustão, sinto o fervor de um piromaníaco doentio, e acabo por me afogar em sua trágica beleza. É aqui que eu risco o fósforo. Adeus.

sábado, 2 de maio de 2009

DPFOX

Muito em comum, ambos vivendo no porão da vida real, confiança extrema... Essa combinação em particular fez com que meu universo de "poucas pessoas que considero reais" se expandisse para a chegada de DPFOX. Um monte de problemas semelhantes, formas diferentes de resolve-los, mas acho q a conquista da admiração e confiança foi mutua.
Não importa a sigla usada, seja Delta Force, UNIDADE, seja por trás de um distintivo do FBI,a verdade é que nossa "parceria" é mais importante do que minha busca insensata pela felicidade, uma rara cumplicidade na busca da paz de espírito.
Não sei o que a vida reserva para o seu futuro, aprendi a muito tempo a não confiar nos planos divinos, mas espero que sua vida seja repleta de sonhos, realizáveis ou não, pois acho que é na busca de nossos sonhos que a felicidade se encontra. Não vou desejar que não tenha problemas, são eles que dão cores as nossas conquistas, mas desejo que eu possa lhe ajudar quando eles aparecerem...

Detesto escrever este tipo de baboseira... minha vida é sombria demais para tentar escrever palavras boas... mas enfim... espero que saiba que você é uma das poucas pessoas em quem confio neste planeta, e que quando precisar, seja para o que for... é só chamar...

meu caro AMIGO, Feliz aniversário!

para finalizar, vou arriscar a parafrasear Carl Sagan:

"Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você."